World Beer Cup 2016 – Este ano o Brasil não levou nenhuma medalha
Entre tantos concursos cervejeiros internacionais sem dúvida o World Beer Cup é o maior, mais prestigiado e importante de todos.
Não é por acaso que ele acontece a cada dois anos em uma cidade americana diferente, muitos consideram o World Beer Cup como as olimpíadas da cerveja, devido ao seu tamanho.
Este ano o concurso aconteceu na cidade de Filadélfia, a cidade mais populosa do estado norte-americano da Pensilvânia.
Basta pensar que esse ano foram 6.596 cervejas inscritas representando 1.907 cervejarias do mundo inteiro.
São números impressionantes, isso é só uma pequena consolação em comparação ao pobre resultado de medalhas para as cervejarias brasileiras na edição desse ano.
O Brasil não levou nenhuma medalha, não obtendo o resultado da edição anterior em 2014 quando levou 2 medalhas com a Wäls de Minas Gerais nas 96 categorias previstas no concurso.
Trata-se de um resultado que vai contra a tendência da qualidade das nossas cervejas e cervejarias, que nestes dois últimos anos conquistaram medalhas em vários concursos espalhados pelo mundo, como por exemplo o European Beer Star e Brussels Beer Challenge.
Ou seja, o resultado do WBC 2016 pode ser interpretado como um freio no entusiasmo que se respira no mercado cervejeiro brasileiro mas também pode ser visto como um estímulo na procura de melhorar.
Não podemos esquecer que o nosso cenário cervejeiro artesanal é jovem com apenas 10-15 anos de existência.
Por outro lado os resultados do WBC 2016 merecem algumas reflexões. Se é verdade que a competição quer cada vez mais se tornar “global”, não posso deixar de comentar a nacionalidade da grande maioria das medalhas vencidas.
De 287 medalhas, 231 foram para cervejarias americanas ou seja, 80% do total dos prêmios.
Claramente muitas das categorias previstas no concurso são “pensadas” para as características produtivas e cervejeiras locais, porém podemos também observar o domínio das cervejarias americanas em estilos alemães e belgas.
Para entender melhor o domínio americano nos prêmios, devemos então olhar no numero de cervejarias americanas que participaram da competição, é justamente nesse quesito que encontramos a “desvantagem”.
Graças aos dados fornecidos pela organização podemos observar que em primeiro lugar está os EUA com 4.858 cervejarias inscritas, e com uma diferença monstruosa em segundo lugar fica a Alemanha com 256, e terceiro o Canadá com 259 cervejarias.
Então é muito mais sensato analisar o percentual de vitória por país, estatística fornecida pela própria WBC que você pode conferir neste link.
E nesse ponto descobrimos que os EUA estão fora da “Top 10” com apenas 4,73%, perdendo para outras nações cervejeira como Reino Unido (5,34%), Alemanha (6,42%) e Holanda (6,54%).
Vale ressaltar que nessa classificação de percentual por país, as primeiras posições são todas ocupadas por países orientais (Hong Kong, Taiwan, Vietnam, Coréia do Sul, Japão), a parte a Lituânia que conseguiu a façanha de ganhar uma medalha mandando somente 4 cervejas.
Essas estatísticas não levam em consideração o tipo de medalha vencida (ouro, prata ou bronze) e deixam a ausência de medalhas do Brasil ainda mais “dolorida”.
Lembrando também que outras nações com forte cultura cervejeira não tiveram muitos motivos para sorrir, como por exemplo a Republica Tcheca e a França (ambas sem nenhuma medalha) mas respectivamente com 16 e 17 cervejarias participando contra 56 brasileiras.
Outra nação que ficou “devendo” medalhas foi a Bélgica, das 3 medalhas que levaram 2 foram em categorias super territoriais e especializadas – Lambic – e uma industrial com ouro para Blanche Hoegaarden.
Uma das coisas que mais chama a atenção do WBC é a transparência de informações provenientes da organização, tanto que no site esta elencado o nome de todas as cervejarias participantes, inclusive aqueles que não ganharam medalhas.