A “era moderna” da história da cerveja americana começou no Século XIX.
Em 1810, operavam nos Estados Unidos apenas 132 cervejarias e o consumo per capita de cerveja produzida comercialmente era de menos de 3,8 litros.
Em 1873, o país já tinha 4.131 cervejarias, quantidade superada novamente somente em 2015.
Em 1914, o consumo per capita anual cresceu para 76 litros – muito parecido com o consumo atual que gira em torno de 82 litros. Então veio a lei seca.
A cerveja americana já estava mudando antes mesmo da Proibição.
Quando os imigrantes alemães começaram a chegar em meados do século XIX, trouxeram consigo a preferência pelas lagers e os conhecimentos para transformá-los em excelentes cervejas.
Mas, no final do século:
Em 1918, o país tinha apenas um quarto do número de cervejarias que operavam 45 anos antes, ou seja, cerca de 1000 cervejarias.
A lei seca, ou Proibição Nacional de consumo de bebida alcoólica nos Estados Unidos, começou em 16 de janeiro de 1920 (em alguns Estados independentes a Proibição já vigorava desde 1848) quando a 18ª Emenda, também conhecida como a Lei de Volstead, entrou em vigor.
A lei seca americana terminou efetivamente em abril de 1933 com um pequeno retorno de cervejas ao mercado e, no dia 18 dezembro do mesmo ano, ela foi oficialmente revogada.
Em um ano, 756 cervejarias produziam cerveja nos Estados Unidos, mas as maiores cervejarias começavam suas tentativas de expansão, usando eficientes técnicas de produção e marketing agressivo para sufocar as cervejarias menores.
O número de cervejarias diminuiu rapidamente, para 407 em 1950 e apenas 230 em 1961.
Perceba esta grande diferença: em 1873 existiam nos Estados Unidos 4.131 cervejarias e em 1950 apenas 230 operavam no mercado americano, uma drástica redução.
Em 1983 existiam apenas 80 cervejarias, administradas por apenas 51 empresas, produzindo cerveja para o mercado norte americano.
Como o escritor de cerveja britânico Michael Jackson observou na época, a maioria produzia o mesmo estilo:
“São cervejas pale lagers que lembram vagamente o estilo pilsener, porém mais leves no corpo, principalmente com falta de personalidade no lúpulo e amenas no paladar. Elas não possuem exatamente o mesmo sabor, mas a diferença entre elas é pouco perceptível”
Em 1982, havia cerca de seis microcervejarias recém-emergentes.
A democratização da cerveja começou com seriedade no final dos anos 1970 através dos “homebrewers” (cervejeiros caseiros).
Foi então que a cerveja de melhor qualidade sensorial começou sua jornada no mercado americano, defendida e desenvolvida por indivíduos e não apenas por estratégias corporativas.
“Homebrewers” começaram a aprender como fazer cervejas de estilos que não encontravam no mercado.
Alguns deste “homebrewers” começaram a abrir suas próprias pequenas cervejarias.
Foram as primeiras novas cervejarias a abrir nos Estados Unidos desde a lei seca de 1923.
Os consumidores de cerveja começaram a aprender a apreciar essas novas “microbrews” e suas cervejas.
As “microbrews” desenvolveram desde então o termo “craft beer” (cerveja artesanal), cervejas especialmente produzidas por estas cervejarias pequenas e independentes.
Atualmente existem 4,269 cervejarias artesanais pequenas e independentes no Estados Unidos.
O renascimento da cerveja americana nos últimos 30 anos é um fenômeno atribuído a uma das primeiras experiências colaborativas, senão a primeira da história moderna, de “open-source”.
Open-source é um termo muito atribuído ao mercado de tecnologia, que significa código-aberto, ou seja, de construção conjunta da melhoria da qualidade das cervejas através de disponibilização de receitas criadas, para que mais indivíduos possam colaborar na melhoria da qualidade do produto final.
A comunidade de homebrewers americanos, entusiastas da cerveja e cervejarias foram os pioneiros da democratização destes processos colaborativos.
O fato é que os cervejeiros caseiros americanos já estavam fazendo sua própria revolução antes que surgisse uma tecnologia de comunicação mais democrática e abrangente.
Mais tarde, com o advento da internet, as ideias revolucionárias e os processos de democratização da inovação foram acelerados, em virtude da facilidade de comunicação.
A comunidade de profissionais envolvidos com as “craft beers”, as cervejarias e os entusiastas da cerveja continuam sendo os principais atores desta revolução e definindo o destino criativo das cervejas artesanais.
Se analisarmos estes últimos 30 anos da história da cerveja americana, constatamos que foram dedicados às cervejas de melhores atributos sensoriais.
Este renascimento do mercado proporcionou um crescimento dos entusiastas da cerveja, do crescimento do mercado e do desenvolvimento da economia em torno da cerveja artesanal.
O mundo reagiu e abraçou este modelo, especialmente o mercado brasileiro, que se espelha e aprende com este desenvolvimento do mercado americano que tem como principais bases:
Os cervejeiros artesanais e os entusiastas da cerveja artesanal dos Estados Unidos foram e continuam sendo os pioneiros no desenvolvimento de um mundo que contribui para o prazer do nosso dia a dia, proporcionado pela degustação destas cervejas.
Não podemos esquecer que neste curto espaço de tempo os cervejeiros artesanais americanos desenvolveram a mais nova escola cervejeira, a Escola Americana, que se coloca ao lado das tradicionais Escolas Belgas, Inglesa e Alemã.
O mercado de cerveja artesanal brasileiro está em franco crescimento, novas cervejas e cervejarias são criadas todos os meses.
Analisando o cenário americano, podemos deduzir que nossa história é bastante recente, segue os mesmos caminhos e é muito promissora.
Fora a diferença do ambiente de negócios proporcionado pelas leis governamentais, que precisamos e lutamos por melhoria incessantemente (Abracerva é um exemplo desta luta), precisamos prestar atenção a alguns detalhes:
Vamos pensar a respeito? Seu comentário é muito bem-vindo!
Fonte: CrafBeer.com
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Muito boa a matéria!