Beber cerveja local porque sim. Ou não. Por quê?
O Boom cervejeiro no Brasil é notório e notável.
Seja no aspecto do consumo, na prática de homebrewing, na proliferação de microcervejarias, bares e empórios especializados, no aumento galopante de formadores de opinião (ou não) da mídia especializada, todos os números vêm crescendo exponencialmente.
Beber cerveja local: O mercado norte americano
Podemos traçar um paralelo do momento que vivemos com o que ocorreu nos Estados Unidos da América na década de 80, quando o número de microcervejarias saltou de aproximadamente uma centena para cerca de 3 mil fábricas.
É ou não é uma explosão? Após quase 50 anos de “seca” (Lei Seca, guerras, monopólio de cervejarias mainstream), a cerveja artesanal reapareceu com força e presença, nos EUA, na segunda metade da década de 70.
Era muita sede pra matar, o que ajudou a cerveja a se popularizar e culminou nessa proliferação de pequenas cervejarias.
Beber cerveja local: Voltemos ao Brasil
De acordo com o site Publicidade e Cerveja, os números revelam a forte tendência de consumo dos brasileiros:
“Em 2014, o país produziu 14 bilhões de litros de cerveja, faturando R$ 70 bilhões e ocupando o terceiro lugar no ranking mundial de fabricação da bebida, atrás apenas da China e Estados Unidos, e na 27ª posição mundial, com consumo de 66,9 litros por pessoa”
Ainda sobre território nacional e crescimento, segundo um levantamento feito pela Escola Superior de Cerveja e Malte, o número de cervejarias no país aumentou 39,6% em 2016.
Foram 148 novas empresas em apenas um ano! Yes, we também have muita sede!
O Diretor da Escola Superior de Cerveja e Malte, Carlo Bressiani, vê 3 grandes motivos para todo esse crescimento:
“Há três grandes motores por trás desta onda empreendedora: incremento no consumo através da descoberta de novos sabores, investidores atentos a este mercado que cresce mais de 20% ao ano e também a crise, que leva os profissionais a buscarem novas alternativas de trabalho”, afirma Bressiani.
Ótimas colocações, e aproveito esse depoimento do Bressiani para retornar ao foco do meu texto:
Beber cerveja local?
Sim, estamos bebendo mais cerveja artesanal.
Sim, estamos começando a aprender a diferenciar “alhos e bugalhos”.
Sim, sabemos bastante mais sobre cerveja do que sabíamos há cinco anos atrás.
Sim, estamos começando a aprender a fazer cerveja. Não! Nem toda cerveja artesanal é boa! (Taca pedra nela!!!)
Não. Não é! Devemos ter muito cuidado e não sermos levianos ao afirmar a qualidade e destacar o consumo local de algum produto.
A ideia de enfatizar a produção local e o pequeno produtor é importantíssima, é sustentável, é lindo e legal!
Mas tem seu outro lado…
Observamos que muita gente se aproveita desse boom e desse conceito de “beber local” pra tentar passar qualquer coisa pela fechadura.
Beber cerveja local sim, desde que tenha qualidade
Independentemente do tamanho de sua produção, produtores de cerveja devem ser sérios e criteriosos, valorizando a matéria-prima, os processos, as boas práticas de manuseio e de produção e, acima de tudo, devem ser sérios com os consumidores, oferecendo um produto de acordo com as normas e padrões legais.
Quantas vezes você, consumidor, não tomou uma cerveja com cheirinho de margarina ou gostinho de metal?
Vai tomar novamente só porque “é local”? Não.
Apoie a cena local, seja construtivamente crítico, volte a provar e dê o feedback real pro cervejeiro, mas não faça oba-oba nem celebre uma cerveja ruim.
Isso vai depor contra a sua cervejaria preferida e detonar a sua cena local!
Vamos beber o local bom, apoiar a construção de uma cena forte, com bases concretas, e então celebrarmos os resultados juntos.
E que fique claro, esta não é uma crítica à minha cena, Brasília. Nem ao Rio de Janeiro, nem a Santa Catarina, Minas Gerais, Pernambuco ou onde for.
Este é um puxão de orelha ao produtor e ao consumidor brasileiro! Se queremos fazer diferença, sejamos sérios e comecemos dentro de casa!
Saúde!
Marta, tem a questão da cerveja em garrafa não poder ser muito sacudida senão perde qualidade. Orocede isso?
Oi, Paulo. Claro que tem! As condições de transporte e armazenagem da cerveja contribuem, e muito, pra manutenção da integridade dela ou não. Se chacoalhou muito, sofreu com altas temperaturas ou ficou exposta ao sol, definitivamente não será mais a mesma cerveja.
Queremos cende o produto